domingo, 22 de maio de 2011

Bon Iver - Bon Iver (2011)

créditos:http://cashmerecorduroy.blogspot.com

Justin Vernon vai lançar um novo álbum em Junho. Mas a bolachinha virtual já vazou e trago-a, com imenso prazer, a vocês. Ainda nem ouvi. Posto aqui com uma imensa sensação de ansiedade. Tenho um ritual para apreciar novos álbuns de músicos que já conheço e gosto. Deito na cama, coloco fones de ouvido, apago a luz e absorvo da primeira à última faixa.Várias e várias vezes. É o que farei agora.



Mareva Galanter - Ukuyéyé (2006)

Ela: Já ganhou concursos de beleza.É atriz e também música. Qual a chance de ser bem sucedida em todas essas áreas? Poucas. Mas, na França, esse combo de beleza+arte parece funcionar. Vide Carla Bruni e Jane Birkin. Mareva tem dois álbums lançados (este o primeiro). Já trabalhou com gente como Martin Duffy e Rufus Wainwright, além do grupo francês de bossa nova (?) Nouvelle Vague, famoso por fazer versões dos mais variados artistas e estilos.

O álbum: Ukulele+yéyé= Ukuyéyé. O "yé yé" é um estilo musical que surgiu na França no começo dos anos 60. Caracterizado por canções doces, animadas e com uma sensualidade inocente, adolescente. Algo que fez o terrible infant Serge Gainsboug chamar France Gall, uma das maiores expoentes do gênero, de lolita, na época. Aliás, apesar de Serge não ser nada inocente, escreveu várias canções para yé yé girls. A mais famosa talvez seja "Poupee de cire poupée de son", feita para France Gall e gravada por várias bandas posteriormente, inclusive o Belle and Sebastian.

O álbum tem partes bem rock'n'roll, outras que mostram certa delicadeza eletrônica e outras de pura nostalgia sessentista. Mas não é uma mera cópia. Mareva consegue capturar a atmosfera da época sem soar datada. Casa bem o pop francês de 50 anos atrás com o pop atual. E ela ainda toca ukulele! Finalizando: uma garota bonita, com voz doce e que canta em francês? Impossível ser ruim.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Bob Dylan - Time Out Of Mind (1997)

Você deve estar pensando por que postei esse álbum do Dylan, e não o "Freewheelin'", o "Bringing It All Back Home", o "Highway 61 Revisited" ou qualquer outro que, entre lives e bootlegs e compilações passam a marca de meia centena. Primeiramente, é porque você já deve conhecer todos os clássicos do homem.Se não, deveria.E além: os bootlegs e os álbuns considerados ruins e inexpressivos pela crítica também. Todos são perfeitos. Todos.E sim, sou um aficionado no baixinho fanho. E segundo: esse álbum é um dos meus preferidos dele, por motivos pessoais.

Comprei-o três anos depois de ter sido lançado. Há exatos onze anos. Imagine um moleque de treze anos que ouvia classic rock, cabelo comprido, roupas pretas e uma introspecção do tamanho do mundo.Eu. Lembro que na lojinha de cds da cidade não tinha nada legal.Só um álbum do Clapton e esse do Dylan.Levei os dois. O do Clapton era o Pilgrim.Um desastre. Já o Dylan...

Coloquei o cd no aparelho de som, apertei play e, em um clima sonoro orgânico, gravado ao vivo em estúdio, a voz rouca e fanha cantou:

I'm walkin' through streets that are dead
Walkin', walkin' with you in my head
My feet are so tired
My brain is so wired
And the clouds are weepin'.
Did I hear someone tell a lie?
Did I hear someone's distant cry?
I spoke like a child
You destroyed me with a smile
While I was sleepin'.

I'm sick of love, that I'm in the thick of it

This kind of love, I'm so sick of it.

I see, I see lovers in the meadow

I see, I see silhouettes in the window
I'll watch them 'til they're gone
And they leave me hangin' on
To a shadow.

I'm sick of love, I hear the clock tick

This kind of love, ah, I'm love sick.

Sometimes the silence can be like thunder

Sometimes I wanna take to the road and plunder
Could you ever be true
I think of you
And I wonder.

I'm sick of love, I wish I'd never met you

I'm sick of love, I'm tryin' to forget you.

Just don't know what to do

I'd give anything to
Be with you.


As palavras de Dylan foram como um soco em meu estômago. A sonoridade de banda-em-bar-vazio-no-fim-de-noite, a melancolia...nunca tinha ouvido nada assim. O Dylan que eu conhecia era o que cantava Like a Rolling Stone e Blowin' in the Wind. Agora esse, soturno, meio bluesy, era novidade. Time Out Of Mind foi minha porta de entrada real para o universo Dylanesco.

Hoje, voltando da faculdade, passei em um restaurante. Jantei acompanhado de alguns colegas e algumas schwarzbiers. Na volta para casa, sentindo a náusea causada pela bebida, o vento gelado e o silêncio, Love Sick veio à mente. Cheguei e logo tratei de colocar a bolachinha pra tocar. Acho que há uns dois anos não ouvia. Agora é só desligar o computador e dormir, com essa trilha de fundo. Boa noite.