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Com quatro anos de atraso (o cd foi lançado em 2011), após uma noite insone e elétrica, eis que me lembro repentinamente deste blog abandonado e sinto uma enebriante vontade de escrever. Na verdade esta postagem nem é somente sobre o álbum do The Head and the Heart, uma de minhas bandas favoritas. É sobre a vida. É uma divagação (como é estranho escrever isso sabendo que ninguém mais lê meu blog - até porque mudei a url).
Após trabalhar durante o começo da noite de domingo, um trabalho que se estendeu até a madrugada e me custou um copo de café e o sono, deitei-me. Ouvi algumas músicas no iPod, mas estava inquieto. Estranhamente feliz. Animado mesmo (ok, grande culpa disso é da cafeína). Enfim, tive uma espécie de epifania. Importo-me demais com as pessoas que quero bem. Mesmo que elas estejam se lixando. Pessoas são estranhas. Estão perto sempre por interesse, com uma segunda intenção, para te usar ou até enjoarem de você. Depois somem. Aí quando o tempo passa, se precisarem de você por algum dos motivos descritos acima, então entram em contato novamente. De uns 10 anos pra cá perdi boas amizades por isso. Achava que durariam para sempre. Mas agora que amadureci, sei que pessoas vem e vão e que sofrer por elas ou esperar algo de qualquer pessoa que seja é bobeira. Faz mal. Sou só, estou só e não me importo. Minha solidão é colorida, leve e muito rica: desde sempre com meus melhores companheiros, os livros, as músicas e os filmes.
Escrevo isso ouvindo o álbum acima, um folk agridoce e maduro que fala sobre coisas da vida. É engraçado notar como algumas pessoas fazem uma tremenda falta (não sei se a palavra certa é falta. Talvez o mais correto seja dizer que algumas pessoas se perdem em nós, e procuramos em vão, mas sempre, reencontrá-las em outras pessoas ou em nosso interior, nas lembranças) mas, mesmo assim, a vida continua sem elas. E não há nada que a gente possa fazer. Não sozinho. Mas escrevo isso sem rancor ou esperança ou intenção. Tenho a humildade de aceitar de coração aberto qualquer amigo que volte um dia, mesmo que por interesse ou necessidade. O que importa é ser bom com quem queremos bem - e com todo mundo mais.
O sol já saiu e os pássaros cantam. Daqui uma hora entrarei em uma sala de aula e darei aulas até quase o meio dia. O café me manterá de pé. Por não ter costume de beber café, a mínima quantidade faz um enorme efeito. Estou ansioso para encontrar meus alunos, falar com/para eles. Hoje a aula será sobre cinema político, separei vídeos e fiz um texto caprichado para a ocasião.
Is it that the good life is the simple one
(Sittin' in the lawn watchin' leaves go by)
Readin' good books and playin' songs
Watchin' the wind blow through your front yard
Don't follow your head
Follow your heart
Mais algumas divagações antes do fim:
Ando muito esses tempos pelo tumblr. É um lugar patético, repleto de pessoas que glamourizam a depressão, que lamentam da solidão e da falta de alguém para amar, de pornografia travestida de arte, mas também de belas imagens - na real, o maior motivo de eu continuar usando aquilo é porque adoro pesquisar e descobrir imagens da natureza, de rios e árvores e trilhas e tudo o mais.
-*-
Algumas pessoas fogem da tristeza. Têm medo da tristeza, da melancolia e da angústia e fogem disso o tempo todo. Buscam por uma suposta felicidade idiotizada e permanente, utópica. Usam das mais diversas ferramentas para isso: psicologia barata, crenças espiritualistas cheias de positividade, religião ou pior ainda, se apoiam em outras pessoas pois julgam que alguém pode lhes proporcionar essa tão sonhada felicidade e alegria. Se você não é capaz de se sentir feliz sozinho, jamais será. Todos esses sentimentos negativos, tidos como ruins, na verdade são partes de nós. Intrínsecos. Portanto, fugir deles é fugir de uma parte importante daquilo que você é. É se alienar. Encaro sempre tudo o que sou e que sinto e nunca procuro fugir e nem me afogar em nenhum sentimento, sensação ou busca desenfreada por algo que nunca encontrarei. Apenas vivo, absorvendo tudo de mim, entendendo e apendendo a conviver.
Agora gostaria de dizer algumas coisas sobre o The Head and the Heart. Serei breve: a banda conta com três vocalistas e faz um folk acústico cheio de sutilezas. Gosto de todas as músicas e as minhas preferidas sempre mudam, quando redescubro alguma. É música que fala ao coração (por mais clichê e barato que isso possa soar). E se você chegou de algum modo até aqui, vamos fingir que estamos em 2008: deixe um "olá" nos comentários. Assim saberei que alguma alma passou por esse local que nem assombrado é.
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