quinta-feira, 29 de julho de 2010

Iron & Wine - The Shepherd's Dog (2007)

Sam Beam, do Iron & Wine, fez seu nome com dois álbuns de folk assombrosos gravados esparçamente.Seu novo álbum, “The Shepherd’s Dog”, leva-o a um novo território, com uma banda completa e uma certa quantidade da magia de um estúdio, um pouquinho disso, cortesia de seu produtor, Brian Deck.

Beam é também um homem de múltiplos talentos – ele dirigiu seus próprios vídeos no passado e fez a arte de seu novo álbum.Nos encontramos uma semana antes do lançamento do "The Shepherd’d Dog”, quando estava se preparando para embarcar em uma turnê pelo leste dos EUA e no Reino Unido.

Imagino que as coisas devem estar bem loucas para você agora,se preparando para lançar um álbum e sair em turnê.

Bem, tenho estado mais ocupado que o normal, mas isso não é ruim.

Você esteve na Bretanha no começo do ano para uma apresentação.Achou o público inglês diferente do público americano?

Não é tão diferente.Há bons lugares para tocar e lugares ruins,mas você pode dizer isso dos Eua também. Mas será bom.Nós não tocamos por lá já tem um tempo.

Você fará a turnê com uma banda completa?

É uma banda com oito músicos.São eles Chad Taylor (Chicago Underground/ Sea&Cake)na bateria,Benny(Massarella) do Califone,na percusão,Matt Lux (Isotope 217)no baixo,Leroy Bach (da primeira formação do Wilco)tocará teclados e alguma guitarra.Paul Niehaus toca pedal steel, Patty (McKinney),que toca comigo desde quando comecei a tocar com uma banda, na guitarra e minha irmã(Sarah Beam) também vai.Acho que são todos.

O novo álbum é bem diferente dos outros, e fiquei impressionado com a aparente facilidade da transição das gravações antigas, simples, para um som mais completo. Você fez o som já para uma banda completa ou começou com algo mais básico?

Faço demos de tudo,só porque gosto.Mas essas foram um pouco mais encorpadas do que as outras, porque eu sabia que queria um álbum mais complexo.E também sabia que queria trazer algumas pessoas para fazer coisas que eu não conseguiria. Então deixei um tanto do álbum aberto, deixei um espaço para surpresas.

Você sente que tendo toda a percussão em volta de você te deixa mais livre no violão?

Não exatamente.É uma espécie de algo mais intuitivo.Eu não tenho nada muito planejado.A raiz das canções ainda é só eu,meu violão e um caderno de anotações. Às vezes o ritmo muda um pouquinho,mas não com freqüência.Muitas vezes, quando a percussão aparece,não combina com o violão ou propositalmente o encobre. Isso depende da música, realmente.

Sei que você disse que ouviu muita música africana no passado.Isso influenciou o resultado do novo disco?

Definitivamente.Há uma canção, “House by the sea”, que é quase uma highlife certinha.

Sim! Ela soa bem oeste-africana, um pouco como algo de King Sunny Ade.

Yeah. Você sabe,a gente começa a empilhar arranjos - usualmente nós tiramos todas as coisas fora depois. Nessa canção, deixamos tudo, como uma grande colagem. Eu amo essa música.

Que outras coisas africanas você ouviu e gostou?

Eu realmente gosto de Ali Farka Toure, algumas das cantoras, mas muita coisa é gravação de campo. As coisas mais novas não conheço muito.Não sei como são mas... provavelmente não devem ser nada tão surpreendentes.É exatamente o tipo de tudo o que temos por aqui.

Você tem um currículo cinematográfico e dirigiu seus próprios vídeos no passado. Tem algo em mente para alguma canção do “ The Shepherd’d Dog”?

Eu meio que passei isso dessa vez para uma garota chamada Lauri Faggioni. Não porque eu não queira fazê-los – realmente quero.Só só não tenho tido muito tempo esses dias.Infelizmente. Espero que no futuro eu faça mais.

O vídeo para “Southern Anthem” é interessante. Estou indo muito fundo nisso ou é uma metáfora para a reconciliação racial?

Não, realmente é. Não é um ensaio, contudo – é mais como um poema.Não é um problema matemático onde se tem a resposta certa.Mas definitivamente quando você tem um cara branco e uma garota negra dando uns amassos é difícil ignorar o assunto.

Especialmente quando a canção é chamada “Southern Anthem”.

Correto.

Bastante gente tem meio que tentado rotulá-lo como um “Artista do Sul” – é esse vídeo uma espécie de reação a isso?

Não é realmente uma reação.Como você disse,a canção é chamada “Southern Anthem”, então quando eu faço um vídeo tento fazer algo...é engraçado poder revisitar uma canção e fazer algo que não ilustra realmente a canção, mas funciona tangencialmente ou trabalha paralelamente com a música de algum modo.

Mas quanto às pessoas me rotularem de um modo ou de outro,não ligo muito pra isso.Honestamente.Quero dizer, eu reconheço que o contexto em que trabalho é o sudoeste, porque é onde cresci e onde estou mais familiarizado.Quero escrever algo que pareça verdadeiro de um certo modo e é isso que eu entendo.Mas ao mesmo tempo, tento escrever canções humanas ,sobre experiências humanas, coisas que espero que pessoas que vivem em qualquer lugar possam entender. Mas o contexto é meio que definitivamente específico, geralmente.


É como se o cinema brincasse dentro de suas canções, de certo modo, porque muitas delas são bem visuais, como “Boy With A Coin”, em que há três cenas. Por isso fiquei curioso se “Pagan Angel and a Borrowed Car” tem algo a ver com a administração do Bush.

(risos)Bem,você pode dizer isso, eu acho.Você pode ter essa leitura, mas você pode ler de vários modos.Essa especificamente veio da idéia de aviões no céu.Mas você pode ler de qualquer modo que quiser.

Acho que foi algo sobre o trecho “righteous drunk fumbling for the royal keys” que me levou a isso.

(risadas) Você pode aplicar isso à canção, mas você pode aplicar isso a um tipo de coisa shakespeariana também. Gosto de escrever de um modo ilustrativo, descritivo. Prefiro descrever a explicar. Até porque eu raramente tenho algo a dizer. É muito mais interessante, para mim, descobrir algum significado que você não sabia que poderia criar.

Estou certo de que meus estudos em roteiro para cinema me ajudaram a fazer isso, mas na verdade isso remonta a um período anterior.Essa foi uma das razões que me levaram a fazer cinema,em primeiro lugar. Sou meio que interessado em comunicação visual. Pra mim é mais sobre sugestionar que argumentar um ponto. Desse modo, cria-se um entretenimento de valor sempre rejuvenescido.

Em algumas canções, como músicas de propaganda – e não me entenda mal.Amo algumas músicas de propaganda. São algumas de minhas canções favoritas no mundo.É que não gosto de escrever isso. A canção vinga ou falha só baseando-se no ponto que você argumenta com sucesso.Gosto de colocar imagens em conjunto, que criam significado se você ouvi-la uma vez, mas se você ouvir outra vez você provavelmente vai ter um significado diferente.

Você tem um modo único de gravar a sua voz – meu amigo chama isso de falsetto sussurrado. Você cantava assim antes de começar a gravar? É exatamente como sai?

É difícil dizer.Acho.Não tomei anotações enquanto estava desenvolvendo (risos).Mas parte disso são só limitações em minha voz.Mas também um monte de coisas de quando comecei, um monte de assuntos sobre os quais eu estava cantando não pediam realmente por alguém que gritasse.Acho que você pode até fazer isso, como um ponto de contraste,mas não parece muito certo. Muitas coisas eram como cartas de amor, então isso levou ao modo como faço.

No novo álbum, é como se estivesse em um outro nível, com muitos efeitos em sua voz.

Nada é realmente sagrado quando se está gravando.Por exemplo, nos recorremos a um Leslie em “Carrousel”.Não é que estávamos tentando ser malucos ou coisa assim, eu só pensei que seria divertido.Nessa canção, o violão e o piano trabalhando juntos soaram como água, então eu pensei que seria divertido fazer isso soar como se estivesse imerso, foi só algo intuitivo,no final. Não há certo ou errado.

créditos do link: http://longdesertrain.blogspot.com

*Tradução livre de entrevista feita pela Pitchfork em 1º de Outubro de 2007.

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