Belle And Sebastian - The Boy With The Arab Strap ()

Não agüentava mais de tédio. Não tinha nada para fazer. Em uma cidade pequena é sempre assim: só TV, internet e nenhum lugar legal para ir nem pessoas interessantes para conversar. Estava cansado até dos filmes e livros que tanto gostava. Precisava conhecer alguém, fazer algo diferente que o animasse pelo menos um pouco.
Era um sábado frio e desbotado. Acordou bem cedo, pendurou a sua Polaroid no pescoço e saiu andando de bicicleta, pela cidade. Não tinha ideia alguma do que iria fazer. Passou pelo centro da cidade e andou mais um pouco até avistar um campo esverdeado, que deixou-o calmo, tranquilo. Freou a bicicleta, ficou a olhar. O verde da grama ficava tão mais bonito com o sol das manhãs de inverno...

Foi até o meio do campo, deixou a bicicleta no chão e caminhou. Tirou uma foto de seu rosto. Nunca tinha tirado uma foto tão boa assim. Nâo era fotogênico. Sentado na grama, pensou em sua vida, em seus dias de tédio. Cansou-se de pensar e foi embora, continou o passeio. Andou por uma praça, onde havia um pequeno parque. Nada demais, só alguns brinquedos, um vendedor de pipocas coloridas, um de algodão doce e um de balões. Os balões, a pipoca e o algodão doce juntos formavam um colorido bonito, infantil e alegre que chamou sua atenção. Quis comprar pipocas, mas ficou com vergonha. ‘‘Um cara da minha idade comendo pipocas coloridas num parque, sozinho, seria patético’’. Era tímido também. Então apenas sentou e ficou olhando a foto que tirou. Teve uma idéia, uma idéia boba, sem sentido algum, mas uma idéia...
Foi até o homem dos balões e comprou um vermelho. Depois, com o balão preso no guidão da bicicleta, voltou até o campo. Lá, tirou a foto da Polaroid do bolso, fez um furinho e amarrou o cordão do balão nela. Já iria soltá-la quando teve mais uma idéia sem muito sentido. Num Café, bem próximo de onde estava, pediu uma caneta emprestada e escreveu no verso da foto seu número de telefone e seu nome. Agora estava pronto. De volta ao campo, deu uma olhada em volta, no céu, nas ruas. Imaginou a cidade toda. Então soltou o balão.
Um balão vermelho levando a foto de um garoto entediado... para onde será? Depois de subir até ficar minúsculo, começou a descer suavemente, dançando no céu, lento, como se escolhesse bem onde iria cair. O garoto imaginou quem acharia seu balão. Ligaria de volta? Essa pequena dúvida era algo novo apra ele. Não se sentia mais entediado porque tinha algo no que pensar agora. Sorriu, subiu na bicicleta e voltou para casa.